Sou dono disso,
sou dono daquilo,
parte da montanha,
meia parte do vale.
Sou dono de bordas, do anel
e da mão.
Mas não sou dono dela!
Sou dono pujante
de vários instrumentos de sopro:
da guitarra, do piano e do violão.
Dono de quem não morde e de quem
me chama por duas vezes.
Mas da luz, não!
Não senhora, da luz, não. Ela passa
de raspão e nunca parou
pra perguntar se eu tinha nome.
Sou dono da ânsia,da angústia,
do caos, da fadiga e das
ansiedades.
Sou dono da meia Austrália,
de Dallas,e parte da
montanha do Himaláia!
Sou forte e poderoso.
Sou dono da casa, dos
colares prateados e pulseiras de couro.
Sou dono do que flutua, do cal e dos
formidáveis.
Mas da luz! Ah! Da luz não!
Ela nem passa pra perguntar
meu sobrenome!
Sou dono da vara vesga,
da tempestade e dos imensos.
Sou dono da âncora e dos
que flutuam.
Sou dono da meiga,
do terno e da paz,
do turbilhão e dos
vagalumes.
Mas da luz, não!
A luz é de um dono
só e longe mora
daqui.
Lá no vão central
que separa minha vida
do meu nada.
Ah!Desta luz,não!
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